Fogo em lixo gera risco de novo incêndio em matas de Alto Santo Antônio e assusta moradores

Fogo já começava a se espalhar para árvores, quando garis da Prefeitura conseguiram debelar chamas ateadas em móveis velhos por populares.

17 de agosto de 2022
atualizada em
Fogo ateado em móveis ao lado de mata. Por pouco imprudência não se transforma em graves prejuízos em Alto Sto Antônio. Foto: Divulgação
Fogo ateado em móveis ao lado de mata. Por pouco imprudência não se transforma em graves prejuízos em Alto Sto Antônio. Foto: Divulgação

Por pouco o fogo ateado na última segunga feira (15) em restos de móveis por populares perto do capelinha às margens da estrada de Alto Santo Antônio não se alastra para plantações e remascentes de Mata Atlântica e repete a situação da semana passada, quando um incêndio atingiu a região.

“É muito arriscado. Está tudo muito seco. Então a mata está bem inflamável. Quando cheguei lá o pessoal tinha acabado de botar fogo. Eles amontoaram móveis velhos, muita madeira, a chama cresceu e estava ventando bastante. A árvore ao lado já estava queimando. Sorte que o pessoal da coleta de lixo chegou e conseguiu abafar com pás”, contou o morador do município e que presenciou a situação, Walter Có.

Walter considera uma insanidade atear fogo em qualquer coisa nessa época de seca e ventos fortes, não apenas pelo perigo de destruição da Mata Atlântica, mas também das lavouras e demais patrimônios de produtores rurais e sitiantes da região. “Uma brasa vai e o fogo se espalha. Está acontecendo no mundo inteiro, em boa parte da Europa, Pantanal, Amazônia”, exemplificou.

Pressão imobiliária e desertificação

Para Walter o caso da última segunda-feira, caso virasse incêndio maior, seria algo acidental. Mas ele teme que possam haver incêndios intencionais na região de Alto Santo Antônio por conta da pressão imobiliária para implantação de sítios, chácaras e condomínios em terrenos até então rurais.

“Tem muita gente interessada que a mata queime mesmo porque aí fica mais fácil de ocupar. Então há uma combinação de fatores, todos eles contrários à floresta. Estamos entrando agora numa seca severa, alguns municípios já estão sofrendo problemas com abastecimento hídrico, quanto mais desmata mais seco vai ficar e isso é um ciclo vicioso. Você desmata, seca. Quando seca, queima. Se queima, menos floresta e menos água. É insano, não tenho outras palavras para descrever a situação” - Walter Có.

Vale lembrar que o território em que houve o episódio é drenado por águas que forma a bacia do rio Timbuí/Reis Magos. Além de abastecer o centro urbano de Santa Teresa, o rio fornece água para cerca de 150 mil moradores da Serra desde outubro de 2017.

Fogo em florestas e eucaliptal

Conforme noticiado por Convergente, na semana passada um incêndio de grandes proporções atingiu eucaliptal e área de Mata Atlântica em Alto Santo Antônio não muito longe do ponto onde houve o incidente da última segunda - feira (15).

A moradora da região, Claudine Butzke, informou à reportagem na noite de ontem (16) que, felizmente, o incêndio foi extinto. Ela não soube informar, no entanto, se o fogo apagou naturalmente ou por ação do Corpo de Bombeiros, que fora acionado pela comunidade na última quinta-feira (11).  

Nas proximidades da área atingida fica a Reserva Biológica Federal Augusto Ruschi, que com seus mais de 3,5 mil hectares é uma das maiores das montanhas capixabas. O nome da reserva homenageia o cientista e ambientalista teresense Augusto Ruschi (1915 - 1986), patrono nacional da ecologia e ícone mundial do século XX na luta pela proteção do meio ambiente. 

imagem de
Bruno Lyra
Jornalista especializado em coberturas ambientais e professor de geografia
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