Prefeitura da Serra promete recuperar margem de lagoa degradada por obra pública

A lagoa Juara foi impactada por borda de aterro durante asfaltamento de rua localizada em bairro ribeirinho da região de Jacaraípe, na Grande Vitória.

12 de julho de 2022
atualizada em 14 de julho de 2022
A Prefeitura disse que o aterro receberá plantio para evitar assoreamento da lagoa. Foto: Divulgação leitor/Claudiney Rocha
A Prefeitura disse que o aterro receberá plantio para evitar assoreamento da lagoa. Foto: Divulgação leitor/Claudiney Rocha

A margem da lagoa Juara, que foi atingida por aterro em decorrência da obra de drenagem e pavimentação em bairro da região de Jacaraípe, no Espírito Santo, será recuperada. Foi o que prometeu a Prefeitura da Serra na última quinta-feira (07), responsável pela obra.

Em nota, a Prefeitura informou que a margem será recuperada com plantio de vegetação. Mas não adiantou quando começará este serviço. A degradação da margem da Juara com lançamento de terra perto do espelho d’água, que por lei é uma área de preservação permanente (APP), foi denunciada por ativistas que atuam no entorno da lagoa. E que também moram lá.

Um deles, o presidente do Instituto Brasileiro de Fauna e Flora (Ibraff), Claudiney Rocha, disse que as obras de drenagem e pavimentação são bem vindas, mas que é preciso maior atenção com a Juara.

Ativista comunitário e pescador da lagoa, Antônio Pereira, explicou que a degradação ocorreu perto do local onde funciona a sede da Associação de Pescadores da Lagoa Juara, local que também recebe muitos visitantes. 

Agonia da maior lagoa da Serra

Formada por águas que descem do Mestre Álvaro, da Serra Sede e entorno e da zona rural em Muribeca, a lagoa Juara é a maior do município e uma das maiores do litoral capixaba. Dela flui o rio Jacaraípe, que após receber águas de outra lagoa famosa da cidade, a Jacuném, conclui seu percurso ao alcançar o mar na Praça Encontro das Águas.

A Juara encontra-se degradada e poluída. Recebe grande volume de esgoto, tratado ou não, da Serra Sede, Planalto Serrano, Jardim Bela Vista, Divinópolis, Jardim Guanabara, Jardim da Serra e Vista da Serra, através do córrego Doutor Róbson.

Da região de Jacaraípe, também, através do córrego das Laranjeiras. Este, inclusive, cai na Juara perto da Praça da Tilápia, onde se concentram os restaurantes na orla da lagoa. A Juara também recebe, há décadas, impactos da monocultura de eucalipto da Suzano (Ex-Aracruz Celulose e Ex-Fíbria) nos terrenos rurais de seu entorno, incluindo a aplicação de agrotóxicos e fertilzantes químicos nessas plantações.

Estradas e nascentes

Mais recentemente, fundos de vale brejosos com nascentes que formam a lagoa foram degradados por obras de duas importantes novas vias no município: o Contorno do Mestre Álvaro (BR 101) e o Contorno de Jacaraípe (ES 115).

Dragagem e fim da criação de tilápias

Na década de 2000, com apoio do poder público, Associação de Pescadores da Lagoa Juara implantou o projeto de criação de tilápias em tanques rede. Mas, a poluição combinada com os efeitos negativos da dragagem do rio Jacaraípe feita a partir de 2014, o que permitiu maior entrada de água salgada do mar na lagoa durante as marés cheias, foi provocando sucessivas mortandades de peixes.

A situação chegou ao ponto do projeto da criação de tilápias na Juara ser encerrado. Atualmente, a tilápia vendida pela Associção de Pescadores e servida nos restaurantes da orla da lagoa vem de criações localizadas em Linhares, norte do Espírito Santo.

imagem de
Bruno Lyra
Jornalista especializado em coberturas ambientais e professor de geografia
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