Devastação da Mata Atlântica segue aumentando no ES, aponta estudo

Depois de crescer mais de 400% no biênio anterior, taxa de desflorestamento voltou a apresentar crescimento entre 2020 e 2021. Situação, também, atinge Santa Teresa

26 de maio de 2022
atualizada em 6 de agosto de 2022
Foto ilustração
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A destruição da Mata Atlântica segue acelerada no Espírito Santo. É o que revela estudo feito pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e a ong SOS Mata Atlântica. Na última terça – feira (24), as insituições divulgaram que entre 2020 e 2021 o Estado perdeu 80 hectares da floresta. Um aumento de 7% em relação ao biênio 2019/2020, quando 75 hectares haviam sido derrubados em terras capixabas.

Considerando todos os 17 estados que tem Mata Atlântica no país, no biênio 2020/2021, a perda chegou a 13.053 hectares, um crescimento de 66% em relação ao período 2019/2020. Em 15 desses 17 estados houve aumento da destruição. Em números absolutos ficou na frente Minas Gerais, com 9,2 mil hectares de florestas destruídas, um aumento de quase 100% em relação ao biênio anterior. Já em números relativos Goiás ficou no topo do ranking, com impressionantes 1.350% de aumento.

Apesar do Espírito Santo ter tido aumento abaixo do índice nacional e até modesto diante de outros estados, engana-se quem acha que a situação está controlada por aqui. É que o levantamento anterior do INPE e da SOS apontara crescimento de 462% em terras capixabas, com a destruição de 13 hectares no biênio 2018/2019 saltando para 75 hectares no biênio seguinte.

E vale lembrar que segundo a ONG, atualmente o Espírito Santo só tem 12,6% de Mata Atlântica cobrindo seu território, floresta que já ocupou 100% das terras que hoje fazem parte do estado.

Devastação escancarada em diversos municípios

É nítido o avanço da destruição das matas no ES nos últimos anos. Na região das montanhas, por exemplo, a floresta vem dando lugar a projetos imobiliários de sítios, chácaras, lotes e condomínios. É o caso dos municípios de Santa Teresa, Domingos Martins, Marechal Floriano e vizinhos, como Santa Maria de Jetibá, Santa Leopoldina, Alfredo Chaves, Guarapari e Viana.

Há, também, desmates ligados à expansão urbana e/ou obras públicas na Grande Vitória. Caso do Contorno do Mestre Álvaro na Serra. E das expansões urbanas no eixo sul de Vila Velha, ao longo das rodovias Leste-Oeste, da estrada do Xuri, grande Barra do Jucu e Ponta da Fruta. Recentemente, houve desmate em Guarapari, na região das Três Praias, para abrigar um condomínio de luxo.

Alguns desses desmates tem liberação do Estado, através da autorização de supressão vegetal emitida pelo Instituto de Defesa Agropecuária e Florestal (IDAF). É o que a lei permite em casos da mata em estágios iniciais de recuperação.

Santa Teresa e rio que abastece a Serra

No caso específico de Santa Teresa, a devastação está ligada principalmente aos projetos imobiliários voltados para a classe média da Grande Vitória. É o caso do Circuito Caravaggio. As regiões da Penha, Valsugana Velha, Santa Lúcia e Alto Santo Antônio já têm registros de desmates para parcelamento do solo rural em sítios, chácaras, lotes e implantação de condomínios residenciais à moda do ideário da classe média urbana.

De boa parte de Santa Teresa descem águas dos rios Reis Magos e Santa Maria da Vitória, mananciais responsáveis por abastecer o município da Serra.

Abaixo assinado e operação da Polícia Ambiental

A situação está tão escancarada, que um grupo de ativistas e moradores de Domingos Martins está fazendo um abaixo-assinado on line pedindo que as autoridades intervenham e cessem os desmates. Até a manhã desta quinta-feira o documento já contava com mais de 9 mil assinaturas.

E nas últimas semanas, após a repercussão das notícias sobre a destruição de florestas no ES, o Batalhão de Polícia Militar Ambiental (BPMA) em conjunto o IDAF deflagraram a operação Curupira na região das montanhas do ES, com objetivo de tentar reprimir desmates ilegais. E a operação já flagrou crimes ambientais em Marechal Floriano, Domingos Martins e Santa Teresa. A operação segue em andamento.

Quem, também, tem denunciado os casos e pedido que a Polícia Ambiental aja é o deputado estadual Sérgio Majeski (PSDB).

 

 

 

 

imagem de
Bruno Lyra
Jornalista especializado em coberturas ambientais e professor de geografia
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